Os transtornos sexuais dolorosos mais comuns entre as mulheres são o vaginismo e a dispareunia
VAGINISMO:
Caracteriza-se pela contração inconsciente da musculatura vaginal em mulheres com anatomia íntima normal.
Mesmo que ela tenha interesse e permita a penetração, se ela não estiver realmente consciente do problema e em tratamento, haverá desconforto.
Essas contrações dificultam e, as vezes, até impossibilitam a penetração, pois o canal vaginal fecha-se de tal forma que a penetração torna-se completamente desconfortável e dolorosa.
Inclusive, algumas mulheres não conseguem sequer tolerar a inserção de um absorvente interno ou coletor menstrual.
Quando a mulher não faz um acompanhamento adequado, o quadro pode ser agravado por crises de ansiedade e depressão pela pressão que ela sente na obrigação em fazer sexo com o parceiro.
É comum que o Vaginismo acometa mulheres na primeira relação sexual.
Mas pode se apresentar de forma tardia, em qualquer momento da vida sexual.
Na sociedade atual, em que a relação sexual costuma ser caracterizada somente pela penetração, quando a mulher pensa que o sexo pode ser desconfortável ou doloroso, ela o teme.
Esse medo deixa os músculos ainda mais apertados, o que causa ou aumenta a dor quando a penetração é tentada.
Uma reação reflexa é desenvolvida, de modo que, quando a vagina é pressionada ou até mesmo apenas tocada, os músculos vaginais se contraem automaticamente. Em um reflexo defensivo, o corpo rejeita o que a mente não quer.
Posto isto, quem tem Vaginismo não consegue tolerar qualquer atividade sexual que envolva penetração, o que causa transtornos psicológicos, emocionais, e impacta diretamente nos relacionamentos.
No entanto, a maioria das mulheres com vaginismo desfruta de atividade sexual que NÃO envolva penetração.
DISPAREUNIA:
O transtorno em questão acomete muito mais mulheres do que homens.
Mais frequente do que se pode imaginar, acontece com cerca de 50% das mulheres.
Caracteriza-se pela sensação de dor durante o ato sexual. Entretanto, a dor pode ser sentida antes ou depois da relação.
Existem variações da sensação de dor. Algumas mulheres descrevem como um leve desconforto. Outras, como profunda e intensa.
A Dispareunia acontece, basicamente, de 4 formas:
1 – Primária: Dores sentidas desde o primeiro ato sexual ou tentativa de penetração;
2 – Secundária: Começa a acontecer “do nada”. O sexo era normal e não havia desconforto na penetração. Até que, em dado momento, a dor e o desconforto aparecem.
3 – Situacional: Acontece diante de situações específicas ou com uma determinada pessoa.
4 – Generalizada: Absolutamente toda penetração causa desconforto e dor. Até mesmo com o dedo.
Como é feito o diagnóstico: A Dispareunia vai além da dor. Ela pode ser causada por diversos fatores. Assim, o diagnóstico só pode ser dado após a análise de fatores psicológicos, comportamentais, orgânicos e biológicos.
Os fatores motivadores de origem psíquica podem ser:
– Falta de desejo sexual pelo parceiro;
– Traumas sexuais;
– Tabus culturais, culpas e medos relacionados à sexualidade;
– Receio de atingir o bebê durante a gravidez;
– Educação repressora e desinformação sobre sexualidade;
– Desconhecimento, inadequação ou dificuldade de entendimento sobre o próprio corpo, gênero e sexualidade;
– Crenças culturais, religiosas e morais
Nessas condições, ninguém consegue se excitar. Não há nem motivos pra isso! Na verdade, insistir no ato sexual sob essas condições é uma tortura, um ato que só trará sofrimento, amargura e mais traumas.
Prazer combina com consentimento, confiança, segurança e respeito.
Somente assim ela poderá ficar lubrificada e preparada pra receber a penetração.
Em casos mais graves, a mulher perde o interesse pelo sexo, a libido reduz drasticamente e ela passa a desprezar o ato sexual, o que afeta diretamente os relacionamentos.
Ambos os casos possuem tratamento.
A psicologia e a sexologia somática conjuntamente podem ajudar o corpo e a mente a reaprender e ressignificar o prazer de uma forma livre do medo e totalmente sem culpa.